terça-feira, 19 de março de 2013

MONUMENTO COMEMORATIVO CAMPEONATO



No dia 15 de agosto de 1980, numa homenagem consagradora do povo ararense, inaugurou-se na Praça Barão de Araras, o Monumento Comemorativo da Conquista do I Campeonato Nacional de Bandas de Música, promovido pela FUNARTE, sob os auspícios do Ministério da Educação e Cultura e realizado no Rio de Janeiro em 1977.

fotos: arquivo particular de Antonio Fuzaro e Beatriz Salviato Fuzaro

O Monumento constituído de uma base de mármore, sustenta uma grande lira estilizada, em bronze, idealizada e esculpida pelo artista plástico Angel Rojo Merino, uma oferta de contribuições particulares, oferecidas poe empresas de Araras. A base em mármore foi uma contribuição da Marmoraria Carrara de Irmãos Vecchin. O movimento para as adesões foi iniciado em abril do corrente ano, pelo comerciante Antonio Fuzaro, presidente da Corporação Musical Maestro Francisco Paulo Russo.

(dados extraídos do jornal "A Cidade", Araras, 21 de agosto de 1980)






segunda-feira, 18 de março de 2013

BANDAS DE MÚSICA DE ARARAS - PREÂMBULO

A história das bandas de música de Araras ainda está para ser contada em forma documentada e escrita. Aqui apenas sintetizamos o pouco que possuímos como material histórico pesquisado. Não nos move a pretensão de uma história completa, eis que nos faltam maiores dados para a complementação de registros outros, que os homens que estiveram ligados à música em Araras, deixaram de anotar para  o futuro, marcando em traços leves a sua passagem para a posteridade.

Cremos, contudo, que alguma coisa poderá ser dita como subsídios à história da música em Araras, reverenciando a memória daqueles que contribuíram e se destacaram para a cultura da Arte musical de seu povo, sua gente; heróis humildes que fizeram a sua grandeza juntamente no gesto de desprendimento e de amor à Divina Arte.

Este registro, tanto mais se faz preciso, justamente por ter a principal Corporação de Araras assinalado tão grandiloquente feito, o mais alto de toda a sua história de quase um século, dignificando o nome de Araras e do Estado de São Paulo, perante o conceito musical do Brasil, sagrando-se campeã do I Campeonato Nacional de Bandas de Música, num     confronto que empolgou o País, galardão que Araras conquistou com altos méritos, encerrando com chave de ouro o importante certame promovido pelo Ministério da Educação e Cultura, numa iniciativa das mais elogiáveis. E nesta oportunidade estar lançando o seu primeiro LP. 

(artigo de Nelson Martins de Almeida para os jornais "Tribuna do Povo e "A Cidade" - Araras 15 de março de 1979)






MAESTRO FRANCISCO PAULO RUSSO - DADOS BIOGRÁFICOS







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Francisco Paulo Russo nasceu em Nápoles, Itália, no dia 21 de Agosto de 1882, filho do escultor, Francisco Paulo Russo e Joana Leonardi Russo. Fez seus estudos de música em Nápoles e Pizo, na Calábria, transferindo-se para o Brasil, em 1898 e escolheu a cidade de Araras para residir. Em 2 de setembro de 1926, inaugurou um curso de piano; fundou e dirigiu diversas corporações musicais, destacando-se a "Lira Infantil Carlos Gomes", fundada em 1928, a qual atuou em várias cidades paulistas. Fundou ainda a Corporação "Pedro Mascagni" e reorganizou em 1913 a Banda "Carlos Gomes", uniformizada e aumentada para trinta músicos. Essa banda foi a mais perfeita que se constituiu em Araras, sendo em sua época, considerada a melhor de todo o interior paulista.


Convidada para as comemorações do Centenário da Independência realizadas em São Paulo, em 1922, portou-se com brilhantismo. Nessa ocasião, participando de um Concurso de Bandas do Centenário da Independência, o maestro Francisco Paulo Russo, conquista para a cidade de Araras magnífica vitória ao obter o 1º lugar na classificação geral, a que concorreram inúmeras bandas.

O povo de Araras, em sinal de reconhecimento à sua dedicação e trabalho, o fertou-lhe uma batuta de ébano e ouro à qual juntou os dizeres: "a preciosa lembrança de uma batuta de fino ébano guarnecida de ouro, da mocidade ararense, representa o carinho e reconhecimento do povo de Araras ao esforçado Maestro que, com sua disciplinada Corporação, colheu os maiores louros na Capital". Foi ainda o Maestro Paulo Russo, fundador e 1º Presidente da Sociedade 21 de Outubro; fundador e 1º Presidente do Centro 1º de Maio, hoje Grêmio Recreativo Ararense; foi ainda proprietário do jornal "Tribuna do Povo", que dirigiu por algum tempo. Compôs várias peças musicais, destacando-se entre elas: o "Hino do Ginásio do Estado da Cidade de Araras", com versos de Salvador J. Moraes; "Alma Ararense" (Saudade de Araras), "Tempo de Mazurca", "Hino do Centro Cultural Ararense" e "Pensamento Religioso", peça dedicada ao Papa Pio XII. Pelos serviços prestados à comunidade ararense, a Câmara Municipal deu a uma das ruas do centro da cidade a denominação de "Francisco Paulo Russo", em justa homenagem àquele que soube ser útil a seus semelhantes, servindo à terra que soube acolhê-lo.
Piano pertencente ao
Maestro Francisco Paulo Russo
Doado ao Teatro por sua neta
Clélia Lagazzi Russo Pastorello



acompanhe fonte biográfica adicional site

AS BANDAS DE ARARAS - CRONOLOGIA

Musicistas que engendraram a história da Divina Arte, em Araras.

XIX / XX - FINAL SÉCULO XIX / INÍCIO SÉCULO XX

Banda de música ararense, famosa no fim do século passado (XIX) e princípio do século presente (XX). Foi a primeira "Carlos Gomes" ararense. Era seu maestro Francisco Puzone. A foto foi tirada no antigo coreto do jardim Público, onde hoje, em novo coreto, a atual banda de música dá seus concertos.
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1905 - BANDA "CARLOS GOMES" 
fotos extraídas do livro "Retratos de Araras Antiga" e Nelson Martins de Almeida,  1953, pág. 76

A Banda "Carlos Gomes" de 1905. Era maestro o sr. Francisco Puzoni. 
Na foto, na frente: da esquerda para a direita: Antônio Caixa, Eugênio Ruegger, Paulo Russo, Guido Batiston, Flora Fischer e Francisco Puzoni.
No meio: José Nestor, Jacob Argenton, Fracisco Dávolo e Ricardo Nascimento.
Atrás: Adriano Lepore Filho (Nuche), Ângelo Cosentino, Atíllio Mazon e Ângelo Francini

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1908 - "PIC-NIC"
foto e dados extraídos do Álbum de Araras - Nelson Martins de Almeida, 1948

Um "pic-niq" que se tornou céblebre quando foi realizado em 1908, o "Carrapatar", sítio existente nas proximidades de Loreto, neste município. Foi organizado por elementos da colonia italiana, a cuja testa se achavam Francisco Paulo Russo e outros


MAESTRO JACOB SCHILITLER

ARARAS O SEU PRIMITIVISMO MUSICAL - Maestro Jacob Schilitler, fundador da 1ª Banda de Música de Araras - 1888


A primeira Banda de Música de Araras data do tempo do Império - 1888. 

O naipe era formado por nove músicos, autênticos maestros.

Na foto, da esquerda para a direita: (sentados) Adão da Luz, Jacob Riffer, Euclides Viterbo, Frederico França; (de pé) Francisco Delphino, Henrique Schilittler, Jacob Schilittler, Sebastião de Freitas e Arthur Viterbo.

(Foto extraída do livro "Retratos de Araras Antiga" autoria de Nelson Martins de Almeida, 1953)

No dia 25 de maio de 1958, com a avançada idade de 84 anos, falece em Araras o consagrada maestro Jacob Schilittler, fundador da primeira banca musical de Araras. Casado com a sra. Umbelina da Rocha Schlitler, deixa a filha adotiva Lucia Dalmazzi, casada com Romeu Dalmazzi.

Compositor, autor de várias peças musicais. Entre elas destaca-se "Rosa do Adro". À marcha fúnebre, também de sua autoria, dá o nome de "Saudade". Antes de falecer pediu que essa música fosse executada a beira de seu túmulo.

Aos 23 de outubro de 1957, falece em Araras, aos 96 anos de idade, a veneranda sra. Catarina Schlitler da Cunha, vi´´uva do sr. Antonio Álvares da Cunha, uma das mais antigas moradoras da cidade. Era irmã do maestro Jacob Schlitler, de Maria S.Pontes, Bárbara Schlitler Xavier, Henrique Schlitler. Deixa filhos: Geny, casada com Gastão Strang, Esmerina, viúva do ex-prefeito de Araras Antonio Alfredo Mathiesen, Tudinha, casada com Roque Chaves, Aparecida, casada com Jader Andrade e Marina Schlitler Cunha. Deixa 13 netos e 27 bisneto.


Arquivo de Carlos Viganó, resgatado por sua filha Matilde Aparecida Salviato Viganó.

O desgaste natural do tempo, a letra incomparável, a fragilidade na composição da escrita esmerada do maestro, o apreço em buscar a dedicatória a cada composição faz desses cadernos, raros, preciosidade para este espaço.   





Tempo imemoriável... Décadas nos separam dos anos áureos. Mas é a história que clama ser registrada. Ser recontada através das expectadoras.

Matilde teve no pai - Carlos Viganó (seu Lico) o personagem central da música. O gosto pela arte maior das notas, dos compassos, da harmonia.

Inajá o prazer pela história. Sua trajetória com o pai Nelson Martins de Almeida ( historiador de Araras) viria incutir-lhe o prazer pelas linhas do tempo. Não como refém, mas como tecelã de uma nova era. De um novo tempo a ser transmitido às gerações vindouras. Pois como diz Augusto Cury, em seu livro "A fascinante construção do eu", pág. 72, edição 2011:

"Nada mais triste do que ser refém da história 
e nada tão prazeroso quanto ser um construtor de um novo tempo".    






Esta é uma partitura do maestro Schillitler datada de 1944











Caderno da aluna Ana Maria - 1951












Esta valsa é gentilmente dedicada a tia Beatriz.
O cuidado do professor ao transmitir o prazer e o empenho na dedicatória da aluna.








Nesta valsa é o primo Itabajara - filho de Nelson e Dalila - homenageado.

A jovem Ana Maria atentava aos detalhes. Era-lhe primordial engajar-se ao lado romântico do professor que inspirava a tantos.









Aqui outra preciosidade guardada nos porões do tempo.
Os anos 1915 registram o cuidado e zelo de Domingos Viganó - acordionista e pai de Carlos Viganó.






Aos poucos as lembranças vão tecendo colchas de retalhos.

Herdamos de nossos pais. A arte da música. A arte da escrita.

E nos irmanamos a Goethe, quando a dizer:

"O que herdaste de teus pais, adquire, 
para que o possua".

(Goethe, Fausto, primeira parte versos 686-687 in "A arte de escrever de Schopenhauer pág.43)

Herdamos de nossos pais. Adquirimos seus ensinamentos. 
Abstraímos a conduta impoluta ante a música e a história.
Possuímos o gosto de vasculhar memórias. Recontar histórias. Tocar almas amantes.
Artesãs do tempo somos.
A tecer um novo tempo que se conta em cada conta.
É a conta do tempo a fazer conta.

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Arquivo de Matilde Aparecida Salviato Viganó
Registros em foto e postagem de Inajá Martins de Almeida
em 30 de agosto de 2013 - Araras


BANDAS ATRAVÉS DO TEMPO

1928 - O maestro Francisco Paulo Russo surpreendeu a todos, com a formação dessa composição de músicos, que não poderia chamar de “Bandinha”, só porque seus integrantes eram mirins. Era uma Banda mesmo, já que integrada por 23 elementos que tocavam “como gente grande”.

(texto extraído do "Álbum das Bandas de Araras" – Nelson Martins de Almeida, pág. 32)



1929 - Banda juvenil, Lira Carlos Gomes, organizada pelo Maestro Paulo Russo, apresentou-se em Campinas, Americana e outros




1929 – 107º aniversário da Independência do Brasil

Podemos observar que, com seus atributos valorosos e sábios, manipulando culturalmente a tendência musical dos jovens ararenses, o maestro Francisco Paulo Russo escolhe, de forma magistral, a data do aniversário da Independência para estrear publicamente essa Banda renovada de valores.

A Lira Infantil Carlos Gomes sai às ruas, fazendo alvorada, anunciando a sua inauguração oficial. Os meninos dão conta do recado como se fossem músicos adultos. À noite realizam concerto no Coreto da Praça Barão de Araras.

(texto extraído do "Álbum das Bandas de Araras" – Nelson Martins de Almeida, pág. 32/33)



1935 - Uma das últimas corporações musicais infantis, foi fundada em 1935 pelo maestro Francisco Paulo Russo - foto acima 
Na foto: Mario Brufatto, José Marreta, Wilson Finardi, Waldemar O.Pinto, Francisco Paulo Russo, Esmeraldo Carrocci, Sebastião Marchetti, Arnaldo Baccaro, José Moraes, Antonio Matthiesen, Nelson Assumpção, Antonio de Castro, Maril Silva, Joli Vargas, Ferdinando Ferrarezi, José Davolo, Avelino Bruffato, Ferdinando Zani, José Orfale, Eli Montagnolli e Albino Falavigna 


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

EDEM ORQUESTRA E LIRA CARLOS GOMES


1925 – A EDEM ORQUESTRA


Foto extraída do Álbum de Araras

Dirigida pelo músico ararense Alexandre Evangelista, o qual tinha a flauta por instrumento. Na foto ele aparece ao centro entre as duas senhoritas musicistas. Com o violoncelo está o Totó Torres. Entre suas audições, a Edem Orquestra se ocupava em musicar os intervalos das sessões do Cine Teatro Apolo.

O nome inspirado de Orquestra Éden, lembrando o paraíso terreal de que fala a Bíblia, deixou sua marca nos anais da cidade, na demonstração do elevado nível de sua elite musical.




Este conjunto musical tocava no Edem Cinema de Manoel Cardoso.


na foto: Sebastião José de Souza, Maria Patrocínio, Benedito de Andrade, Primo Salviato, Adriano Lépore Filho, Raul da Luz, Paulino Pires Barbosa e Antonio Caixa.


1928 – A LIRA “CARLOS GOMES”  
Na década de vinte, com a defasagem verificada no elenco da Corporação Musical “Carlos Gomes”, Araras perdia boa parte de seus músicos a procurar novas paragens para aplicar suas atividades de trabalho. Atravessávamos a séria crise ADVINDA DA CLACK DA Bolsa de Nova Iorque, com reflexos negativos em todo o mundo, notadamente no Brasil, onde iria atingir nossa política econômica baseada no café.

Vinha conduzindo a Corporação Musical, desde os idos de 1910, o regente Paulo Russo, elemento inteiramente radicado a terra e dedicado à música, aqui mantendo suas aulas.
Para suprir a falta dos elementos dispersos que haviam desfalcado a Banda, Paulo Russo optou pela preparação de novos elementos, de preferência aos jovens que vinham ascendendo na instrução musical.    

Reuniu então grupo de jovens, a maioria na faixa dos 14 a 16 anos de idade, dando à Corporação o título de Lira Infantil Carlos Gomes.

A 7 de setembro de 1929 – data comemorativa do 107º aniversário da Proclamação da Independência do Brasil, a Lira Infantil Carlos Gomes saiu às ruas, fazendo alvorada. Os músicos tomaram café no hotel de Guerino de Salvi, no antigo Largo do Hospital e à noite, realizaram seu concerto no coreto da Praça Barão de Araras.

Da formação dessa Banda, apenas três músicos remanescentes a 7 de setembro de 1979 comemoram seu cinquentenário de atividades a serviço da música em Araras: Alexandre Pellegata, Carlos Viganó e Montagnolli.


Lira infantil, fundada e dirigida pelo saudoso Maestro Francisco Paulo Russo.
Fez sucesso na época de 1928
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Em 1928, o maestro Francisco Paulo Russo surpreendeu a todos, com a formação dessa composição de músicos, que não se poderia chamar de “Bandinha”, só porque seus integrantes eram mirins. Era uma Banda mesmo, já que integrada por 23 elementos que tocavam “como gente grande”.

Da dedicação do Maestro surgiu uma plêiade de jovens e futuros músicos.


Reestruturada a Corporação passou a se integrar de 21 novos elementos, assim distribuídos em seus instrumentais: 

- João Flabiano, Juca Quintais, Carlos Viganó, Fausto Faggion, Bartolo Marino, clarinetes; 
- Alfredo Alexandre Pellegata, Antoninho Salomão, Armindo Finardi, bombardinos;  
- Laerte Cagnin, trombone; Ary Rocha e Nelson Consentino, pistões; 
- Olímpio Volpe e Lilo Argentão, trombone harmonia; 
- Nelson Rodrigues Bellini e Antonio Martini, trompa; 
- Natalino Montagnolli, Vantin Zaniboni, baixos: 
- Nino Falavigna, Aldo Russo, Mário Terciotti, percussão; 
- Jader Graziano, prato.

1929 – 107º ANIVERSÁRIO INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
Manipulando culturalmente a tendência musical dos jovens ararenses, o maestro Francisco Paulo Russo escolheu a data do aniversário da independência, em 1929 (107º) para estrear publicamente esta Banda renovada de valores.

1930 - SARAU NO TEATRO APOLO
Em 20 de setembro, realiza-se no Teatro Apolo, de Araras, um sarau musical em benefício do Hospital São Luiz, em que participa um grupo de alunos de Paulo Russo.

1937 – O JAZZ CACIQUE
O maestro Alfredo Alexandre Pelegatta inicia, em Araras o Jazz Cacique, que se notabilizou por suas atuações abrilhantando os bailes do S.C.Corinthians Paulista, no Parque São Jorge, na capital paulista.

ESCOLA DE MÚSICA
A Comissão de Finanças da Câmara Municipal de Araras, integrada pelos vereadores Benedito Michielin, Jorge Assumpção e Otávio Ruegger, em 15 de junho de 1937, dá parecer favorável à abertura de um crédito de rs. 4:000$000 solicitado pelo prefeito Silvio Bággio, para a aquisição de instrumental para a escola municipal de música, orientada pelo maestro Paulo Russo. A Escola tem a frequência de 40 alunos.